terça-feira, 18 de janeiro de 2011

No vale de Unhuquarebatuba...

Mesmo que não estejamos em férias coletivas é inevitável ficar naquele compasso de espera pra que o ano comece valendo depois do carnaval, então aproveitamos pra fazer esse post sobre A Árvore-Casca, curta-metragem que produzimos lá no início da Cartunaria, baseado numa HQ do Fabio Zimbres. No final dos anos 90 quando eu (Lisandro) li a história que contava a origem da tribo Sassacossara, achei que seria legal fazer uma animação com aqueles índios com cara de cachorro, principalmente pelo humor meio nonsense daquela lenda fictícia que fugia dos clichês politicamente corretos sobre temas indígenas.

Passamos alguns anos tentando conseguir financiamento até que finalmente aprovamos o projeto no Fumproarte em 2003. É normal levar um tempo entre a concepção de um curta e sua aprovação em algum edital, mas um dos problemas dessa demora é que se corre o risco de quando o curta for contemplado não ser a melhor hora pra entrar em produção. Foi o que aconteceu com A Árvore-Casca, justamente quando conseguimos a grana pra fazer o filme eu estava passando pelo meu Retorno de Saturno, quem assistiu nosso curta com esse nome ou entende um pouco de astrologia sabe que esse período não é moleza. O que facilitou as coisas foi que a proposta do filme de saída já era bem despretensiosa, a idéia era pegar os desenhos feitos pelo próprio Zimbres e animar direto no computador usando a técnica de recorte digital (cutout) que estava se popularizando na época. Foi o primeiro curta da Cartunaria feito desse jeito e fomos melhorando esse método nos curtas que produzimos pra RBS. Foi a primeira vez também que chamamos o Diego Medina pra fazer locução e o cara mostrou toda sua destreza conseguindo pronunciar “Unhuquarebatuba” várias vezes durante a gravação.

Ao contrario do meu curta anterior, o Cidade Fantasma, minha intenção com A Árvore-Casca era dirigir um trabalho não-autoral, no caso uma versão quase literal de uma criação do Zimbres, e apesar das adversidades da produção a experiência foi bem bacana, adaptar uma história em quadrinhos é um caminho legal de ser explorado e não descarto a idéia de fazer isso de novo algum dia, principalmente se a parceria rolar sem stress como foi com o Zimbres. A Árvore-Casca já foi exibido em vários canais de TV e festivais por aí, ganhando alguns prêmios como de melhor roteiro e melhor animação gaúcha no saudoso Granimado, então quem quiser conferir o filme o link tá ali no canto esquerdo do blog. Até.